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Você sabia que maratonistas podem ter urina alterada após treino intenso ou prova?

 Corredores de longa distância já devem ter percebido alteração na cor da urina após um treino mais intenso, ou após as provas. A desidratação causada pelo esforço físico  já deixa a urina mais concentrada, com uma cor tipicamente amarelo escuro, ou até laranja. 

Mas se analisarmos em laboratório esta urina, vemos com frequência a presença de hematúria (hemácias, sangue na urina) e proteinúria (proteína na urina). Estas anormalidades são habitualmente microscópicas, não perceptíveis a olho nu. Outra causa comum é a quebra muscular e liberação de mioglobina na urina, que também tem cor escura.  Quanto mais intenso o esforço e o tempo da corrida, mais perceptível a olho nu estas condições podem ficar, deixando a urina rosada ou amarronzada, e até mais espumosa. Rosada, das hemácias. Escura, da desidratação e da mioglobina. Espumosa, da proteína. 

Em um estudo que foi coletada urina logo após uma prova, a proteinúria ocorreu em 35% dos corredores de meia maratona e 69% dos maratonistas. Hematúria ocorreu em média de 21% dos corredores. Mas apesar da média ser a mesma entre corredores de meia maratona e de maratona,  quando analisada a origem do sangue na urina através de um exame chamado dimorfismo eritrocitário, encontrou-se um padrão diferente de acordo com a distância corrida. O dismorfismo foi encontrado em 30% dos da meia e 81% dos da maratona. Já explico: em menores distâncias o sangue na urina vinha de algum local do trato urinário, provavelmente da bexiga pelo trauma repetitivo. Em maiores distâncias, o dimorfismo presente traduz que o sangue vem do rim (hematúria glomerular, refletido pelo diamorfismo presente). 

Não houve anormalidade na nova coleta de urina dias após a corrida. Estas anormalidades desaparecem com o descanso e não parecem ter significado de doença do trato urinário. 

Importante sempre reforçar que medicações anti-inflamatórias que por vezes são usadas pelos corredores após provas devido dor muscular e dor articular, podem ser lesivas para o rim, principalmente se associadas a desidratação. Neste caso já passamos para o perigo de desenvolver insuficiência renal aguda.

Estes estudos tiveram início há muitos anos, na década de 1970, mas um artigo completo pode ser lido no Br J Urol. 1987 Feb;59(2):133-6 de autoria de Reid RI e colaboradores. DOI: 10.1111/j.1464-410x.1987.tb04803.x. Não temos muitos estudos neste tema, já publicados. Um dos mais recentes, de Mansour SG et al (Am J Kidney Dis. 2017 Aug;70(2):252-261. doi: 10.1053/j.ajkd.2017.01.045) fala que as anormalidades inflamatórias e as alterações laboratoriais reverteram, em sua maioria,  no dia2 do estudo. 

O importante é ficar atento a qualquer diferença na urina que persiste após 48h do esforço intenso. Fique de olho! 

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Foto: Freepik @jcomp tks!